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O sonho de um homem sobre o céu que pode mudar o seu jeito de orar

Manu é um Kahuna havaiano que ensinou dois missionários, Élder Taylor e Élder Balane, que servem na linha havaiana de Lanai.

Keahiakawelo, também conhecido como Jardim dos Deus, é um jardim de pedras localizado nas montanhas de Lanai. A história a seguir é fictícia e baseada em eventos e conversas reais.

Manu seguia em nossa frente, ele disse “Bem vindos a Keahiakawelo, o Jardim dos Deuses.”

Aquela vista era diferente de qualquer coisa que eu já havia visto. Parecia que eu estava em outro planeta. A beleza do jardim era muito além do que meramente beleza externa. O Jardim dos Deuses tinha um espírito distinto de paz e serenidade. Havia um sentimento de que, de alguma maneira, os céus e a terra estavam conectados.

Manu acenou para que o seguíssemos, e fomos até uma formação rochosa, que parecia descansar no pináculo da topografia. A vista era de tirar o folego. Era um dia limpo e dava para ver Moloka’i do outro lado do canal do oceano. Manu apontou para algo ao longe. Ao olharmos, podíamos ver a ilha de O’ahu.

Depois de nos dar esse banquete panorâmico, Manu nos fez andar em volta da formação rochosa.

“Uma das lendas contadas sobre Keahiakawelo, é que Deus colocou cada uma daquelas pedras ali para um propósito divino,” ele disse. “Acredita-se também que a formação na qual estamos em volta era um altar de oração para um dos antigos Lāna‘i’s kahunas.

Obviamente você sabe que oramos em volta de altares nos templos. Os antigos havaianos também oravam em volta de altares, e as famílias tinham altares de oração chamado Pule Kuahu.

Sob a lei de Moisés, o altar era usado para oferecer sacrifícios. Hoje, após o cumprimento da lei de Moisés, não fazemos mais sacrifícios de animais. Você já imaginou, por que ainda oramos em volta de um altar?”

“Hoje, oramos em volta de altares para oferecer nossos corações quebrantados e nossos espíritos contritos,” respondi.

Manu, concordou. “Quando estávamos em heiau (o templo), falamos sobre a importância das ho’okupu (ofertas). Nossa oferta é submeter a nossa vontade com a vontade do Pai.

“Orar é o ato que reúne a vontade do Pai com a vontade do filho. O objetivo da oração não é mudar a vontade de Deus, mas saber à vontade Dele.

Ao nos reunirmos em volta do altar, compartilharei com vocês um sonho que tive, e me ajudou a entender melhor sobre a oração.”

Manu fez uma pausa, e seu olhar era distante ao relembrar seu sonho.

Élder Balane e eu o observávamos em silêncio, ansiosos para ouvir o que ele iria compartilhar conosco.

“No começo do meu sonho, eu estava em pé, em frente ao que chamam de os portões do céu,” disse Manu. “Ao ficar ali, em frente ao portão fechado, vi um homem em trajes bancos, que se aproximava do outro lado. Ao se aproximar, eu estava extasiado com o poder e a beleza de seu semblante e cai sobre meus joelhos. Quando o homem falou, suas palavras não penetravam somente meus ouvidos, mas todo o meu ser.

Ao falar comigo física e espiritualmente, ele disse, ‘Manu, levante-se. Há somente um a quem deve se ajoelhar perante, e é o Mestre, Jesus Cristo. Sou Seu servo, Pedro.’

“Ao me levantar, o portão se abriu. Pedro me cumprimentou com um abraço e me disse ‘Bem vindo ao lar, meu irmão.’

O abracei de volta e fui preenchido pelo puro amor de Cristo, que excede qualquer descrição terrena. Então, perguntei ‘Onde estou?’

Pedro respondeu sorrindo, ‘Aqui é o céu.’

‘Então, estou morto’?

‘Não, você não está morto. Você está sonhando. Fui instruído a te mostrar um pedaço do céu. Você gostaria de ver?’

Ao ouvir aquela pergunta, fui consumido pelo Espírito e rapidamente respondi de forma afirmativa. Pedro me instruiu a segui-lo. Andei ao seu lado direito e passamos pelos portões, seguindo um caminho de ouro.

Ao olhar para frente, vi que o caminho de ouro, levava a um grande prédio em uma colina. O caminho era cercado de flores, grama, arbustos e árvores que eu nunca havia visto na terra. Essas plantas não eram somente brilhantes e vibrantes, mas irradiavam cor, luz e espírito. Há milhões de cores que nos esperam no céu e que não encontramos na terra.

Uma música suave preenchia o ar. Eu não podia discernir qual era a fonte da música. Mas preenchia a imensidão de espaço a nossa volta. O som não era direcionado. Parecia que eu estava embaixo d’água em uma piscina, mas ao invés de estar cercado de água, estava submergido em música.

Ao contrário das melodias terrenas, esses sons eram recebidos mais pelo meu espírito do que pelos meus ouvidos, irradiando todos os meus sentidos. ‘Não consigo explicar o quão diferente é do que escutamos na terra! Senti como se fosse alegria, parecia amor, cheira como o perfume das flores, e dançava com borboletas. A música lá, está viva! Você pode até sentir o seu sabor.’

Nos aproximamos de um edifício e eu estava espantado com o seu tamanho imenso, sua brilhante arquitetura e beleza esplendida. Eu estava surpreso em ver o meu nome, Manu Nāpela, escrito na frente.

Perguntei a Peter, ‘Por que meu nome está escrito nesse edifício?’

‘Esse é o seu armazém espiritual, Manu. Há um armazém desses para cada pessoa na terra, e cada armazém é identificado pelo nome da pessoa.’

‘O que você chama de armazém me parece mais um palácio,’ eu disse. ‘Excede em todos os aspectos de qualquer prédio já visto na terra.’

Pedro concordou. ‘O que você diz, é verdade, mas espere até ver os palácios do céu. Eles são muito mais esplêndidos do que esse armazém.’

O caminho de ouro terminou em frente a uma grande porta dupla. As portas foram colocadas dentro de um belo arco. As dobradiças, símbolos e maçanetas das portas tinham um brilho dourado.

As portas me lembraram as portas exteriores do templo de Salt Lake. No entanto, eram de uma cor que eu nunca vi. Apontando para a porta, perguntei: ‘Pedro, qual é o nome dessa cor?’

Pedro respondeu, ‘Ahina. Não é linda?’

A palavra parecia havaiana, mas eu não a reconhecia. Discernindo meus pensamentos, Pedro explicou, ‘A antiga língua havaiana era derivada da língua do céu, e portanto, eram similares. Ahina é o nome que usamos para essa cor no céu.’

“Notei algumas inscrições nas maçanetas, em uma língua que não conseguia reconhecer. ‘O que está escrito nas maçanetas? perguntei.

Ao girar a maçaneta, Pedro respondeu, ‘Está escrito Santidade ao Senhor, na língua celestial.’

Pedro abriu a porta, e acenou para que eu entrasse.

“Ao entrar, fui tragado por um ar fresco e revigorante que cobriu meu corpo e meu espírito. Olhei tudo ao redor com admiração. O edifício estava cheio com milhares de prateleiras. As prateleiras estavam em fileiras perfeitamente uniformes, com espaçamento e simetria exatos. Todos os ângulos pareciam formar um quadrado perfeito. Olhei para uma das fileiras, a prateleira continuou até onde meus olhos podiam ver e parecia não ter fim. Cada uma das prateleiras estava cheia de presentes maravilhosamente embrulhados de todas as formas, cores e tamanhos.

Pedro entrou no armazém e fechou a porta. Me virei e perguntei: ‘Posso abrir um dos presentes?’

Pedro respondeu: ‘Claro. É por isso que estamos aqui.’

Fui até um dos presentes que chamou minha atenção. O papel de embrulho, as fitas e as decorações formavam excelentes combinações de cores. Nesse pequeno presente, havia mais cores do que todas as cores visíveis na terra. Notei que havia uma etiqueta presa ao presente.

A etiqueta trazia meu nome em letras cursivas elegantes e manuscritas. Olhei para as etiquetas dos presentes a minha volta e descobri que cada uma delas também tinha meu nome.

Voltei-me para Pedro e perguntei: ‘O que são todos esses presentes com o meu nome neles?’

Pedro me trouxe uma cadeira que estava encostada em uma das paredes e pediu que eu me sentasse. Depois que sentei, Pedro respondeu: ‘Estes são todos os dons e bênçãos de Deus que você deixou de receber.’

Ao ouvir suas palavras, senti um aperto no coração. Uma onda de dor tomou o meu corpo, ao pensar em ter rejeitado presentes de meu Deus e meu Salvador.

Muito preocupado, olhei nos olhos de Pedro, e disse: ‘Nunca rejeitaria conscientemente um presente de Deus. Por que não recebi esses presentes?’

Pedro veio até o meu lado, colocou a mão no meu ombro e disse: ‘Eu sei, Manu. Você tem um coração puro e intenção real. Por favor, deixe-me ensinar como o armazém funciona. Me siga.’

O segui enquanto ele caminhava por vários corredores. Embora ele andasse em ritmo acelerado, ele não parecia ter pressa. Quando finalmente parou, notei que todas as prateleiras, naquela área em particular, estavam vazias.

‘Por que essas prateleiras estão vazias?’ perguntei.

‘Essas prateleiras continham todas as bênçãos e presentes que Deus lhe deu, e que não exigiram esforço ou trabalho de sua parte. Portanto, as prateleiras estão vazias porque todos os presentes e bênçãos foram dados a você, enquanto você estava na terra’,  respondeu Pedro.

Fiz uma careta, tentando entender. ‘Bem, e todas as outras prateleiras cheias de presentes? Por que não os recebi?’

‘Alguns dos presentes exigiram trabalho ou esforço de sua parte, antes que pudessem ser dados’, respondeu Pedro.

Fomos até uma nova seção do armazém, e Pedro me mostrou as etiquetas nos presentes. Vi meu nome em uma das etiquetas, e em outra etiqueta, estava escrito o requisito para receber o presente. A primeira etiqueta dizia: ‘Ore e peça’. Verifiquei cada uma das etiquetas e encontrei a mesma afirmação: ‘Ore e peça’.

Você está dizendo que, tudo o que eu tinha que fazer para receber todos os presentes deste armazém, era orar e pedir por eles?’, perguntei.

‘Você está indo mais rápido do que eu’, respondeu Pedro. ‘Esta seção do armazém contém todos os presentes que Deus queria lhe dar; e tudo o que era necessário para recebê-los era orar e pedir por eles. O céu tem armazéns cheios de presentes não entregues, porque muitos não aprenderam que Deus tem inúmeros presentes para dar, se as pessoas apenas pedirem. Meu companheiro e apóstolo, Tiago ensinou: ‘…não recebeis, porque pedis mal.’

‘Pedro, como eu deveria pedir esses presentes, quando nem sabia que eles existiam?’, perguntei, incrédulo.

‘Você deve orar e pedir para saber pelo que orar’, disse Pedro. ‘Você precisa orar para descobrir o que há em seu armazém. Você deve orar e pedir a Deus que lhe diga por quais presentes deve orar. Você é um homem sábio que sabe pelo que orar, e você pode saber pelo que orar através do Espírito.’

‘Há algo que ainda não entendo. Meu armazém está cheio de presentes, mas houve momentos em que orei, pedi e não recebi. Você pode por favor me explicar?’, perguntei.

‘Poderia ter sido uma das duas razões’, disse Pedro. ‘Ou você pediu algo que não estava em seu armazém ou o que solicitou, exigiu mais do que simplesmente pedir para receber’.

Para demonstrar seu argumento, Pedro me levou para outra seção do armazém e disse: ‘Como mencionei antes, Deus estabeleceu um requisito para o recebimento de cada presente. Quando você recebe um presente de Deus, é resultado do cumprimento deste requisito. Pedir em oração, é apenas uma das muitas exigências possíveis.’

Comecei a ler as etiquetas dos presentes daquela seção, e encontrei os requisitos: casar, frequentar a igreja, abrir um negócio, cuidar dos pobres, adotar um filho e visitar uma viúva. Alguns dos presentes continham uma longa série de requisitos para obtê-lo.

Ao ler as muitas etiquetas, Pedro se afastou e contou uma experiência de seu ministério terrestre:

‘Um dia, um homem trouxe seu filho que estava possuído por um demônio para mim e para os outros discípulos, e nos pediu para curá-lo. Mas não conseguimos. Então Jesus veio e repreendeu o demônio, e a criança foi curada naquela mesma hora.

Perguntamos a Jesus: ‘Por que não fomos capazes de expulsar o demônio e curar a criança?’, Jesus respondeu: ‘…não se expulsa senão pela oração e por jejum.’ Dessa experiência aprendi que há mais a se fazer do que somente pedir para receber.

Pedro fez uma pausa para deixar com que suas palavras fizessem efeito. Parei de olhar através das etiquetas nos presentes e voltei minha atenção total para ele.

‘Outro exemplo pode ser encontrado na tradução do Livro de Mórmon’, disse ele. ‘Logo após Oliver Cowdery começar a trabalhar no Livro de Mórmon, ele queria exercer o dom da tradução.

Joseph não fez nenhum esforço para monopolizar a obra. Ele manteve durante toda a vida, a expectativa de que as pessoas pudessem receber revelações ou ver a face de Deus como ele.

A primeira revelação para Cowdery prometia ‘se de mim o desejas, de traduzir, sim, como meu servo Joseph.’ Ao ouvir isso, Joseph lembrou-se que Cowdery ‘ficou extremamente ansioso por ter sido concedido o poder de traduzir a ele.’

Cowdery tentou, mas falhou. Ele começou e depois parou, aparentemente acreditando erroneamente que precisava apenas pedir a Deus e olhar na pedra. Cristo explicou em uma revelação em Doutrina e Convênios 9, versículos 7 a 10, qual foi o erro de Oliver:

“Eis que não compreendeste; supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.

Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto, sentirás que está certo.

Mas se não estiver certo, não terás tais sentimentos; terás, porém, um estupor de pensamento que te fará esquecer o que estiver errado; portanto, não podes escrever aquilo que é sagrado a não ser que te seja concedido por mim.

Ora, se tivesses sabido disto, poderias ter traduzido; contudo, não convém que traduzas agora.”

Meu peito ardeu com fogo, quando as verdades de suas palavras me envolviam. ‘Oliver não estava presente para assistir Joseph se desenvolver e aprender a usar o dom da tradução’, disse Pedro, balançando a cabeça.

Oliver chegou depois que as primeiras cento e dezesseis páginas foram traduzidas por Joseph e perdidas por Martin Harris. ‘Todo conhecimento e habilidade são obtidos por estudo e prática consistentes e determinados, e assim foi a tradução do Livro de Mórmon.’ Joseph teve que aprender a traduzir os personagens nas placas de ouro.

Quando ele recebeu as placas pela primeira vez, não sabia ao certo como começar. Levou tempo e várias tentativas para desenvolver um método. Joseph foi diligente em seu esforço, mas foi preciso muito estudo e prática para aprender a usar o dom da tradução. Da mesma forma, existem dons que o Senhor tem para você, que exigem esforço diligente para serem recebidos.

‘Manu’, disse Pedro, ‘a oração é uma forma de trabalho e é um meio designado para obter o maior dos dons de Deus. Orar não é dizer a Deus quais bênçãos e presentes Ele deve lhe dar, mas pedir presentes que Deus já está disposto a dar e está simplesmente esperando que você peça.’ Uma das frases mais repetidas do Salvador é: ‘peça e recebereis’. Esta passagem é encontrada mais de quarenta vezes nas escrituras.

‘O céu tem um armazém de presentes para cada pessoa na terra. Mas, infelizmente, muitos presentes nunca são abertos.

Alguns são como a mulher que se aproximou de Jesus enquanto Ele estava sentado junto a um poço. Ela não reconheceu Jesus ou o presente que ele tinha para ela. Jesus disse a essa mulher: ‘Se você soubesse o presente que Deus tem para você e com quem está falando, você me perguntaria, e eu te daria’.

‘Manu, darei a você as seguintes palavras de despedida: Você viu e conhece os dons que Deus tem para você. Como filho de Deus, aceitar Seus dons deve ser natural e instintivo. Com a emoção de uma criança na manhã de Natal, você pode abrir alegremente seus presentes maravilhosamente embrulhados do Céu. Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.’”

Fonte: LDSLiving

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