Como aprender a doutrina sagrada do Templo?
Ontem fui no Templo, e participei de uma sessão de selamento vicário. Isso significa que pessoas que faleceram – algumas a muito tempo – e não tiveram a oportunidade de receberem o selamento eterno (ordenança que une as famílias para eternidade). O selador, que é a pessoa que realiza essa sagrada ordenança, fez algo incomum. Após realizar alguns selamentos fez uma pausa e perguntou se nós tínhamos alguma pergunta sobre o templo e as ordenanças.
Ele era um homem experiente na Igreja, um patriarca ordenado, e selador por muitos anos. Era uma oportunidade especial, já que no Templo geralmente não temos professores, tal como temos no seminário, Instituto e escola dominical. Todos dependemos do Espírito Santo para aprender as doutrinas mais sublimes da exaltação, mas no Templo não temos um guia, professor ou orientador.
Não obstante, lá estava uma grande oportunidade. Dentro do Templo, com um sábio servo de Deus abrindo a possibilidade de fazermos perguntas e obter respostas. Enquanto alguns da sala perguntavam sobre símbolos e palavras usadas na ordenanças do Templo ponderei como aquele bom homem aprendera essas verdades, e quanto tive chance lhe questionei:
“Como você aprendeu essas coisas, como aprendeu a doutrina do Templo?”
Ele não hesitou, e respondeu:
“Frequentei regularmente o Templo por muito tempo”
A simplicidade da resposta me fez meditar enquanto ele retomava as ordenanças. Pensei: “Então essa é chave do aprendizado no Templo? Constância?” E eu senti que sim, a frequência era a chave. Afinal para que uma pessoa frequente o Templo ela precisa manter-se digna. E ao ir constantemente vai ser exposta a mais e mais dos ensinamentos, servirá outras pessoas e receberá mais do bom espírito do Templo.
A importância da frequência
O Presidente Howard W. Hunter explicou o que precisamos fazer como preparação para entrar na casa do Senhor:
“Para qualificar-nos para as bênçãos do templo, precisamos assegurar que nossa vida esteja em harmonia com os ensinamentos da Igreja. Antes de ir ao templo, você é entrevistado por seu bispo. Na entrevista, você assegura a ele que cumpre com o padrão de conduta necessário para entrar no templo sagrado. Desejamos que você decida hoje que sempre manterá esse padrão e será digno do privilégio de ir à casa do Senhor” (“Your Temple Recommend” [Sua Recomendação para o Templo], New Era, abril de 1995, p. 6).
Depois de estar qualificado para entrar no Templo precisamos frequentá-lo.
Ao ponderar sobre isso lembrei da passagem de Ezequiel 47. Lá o profeta vê o Templo que será construído nos últimos dias em Jerusalém. Porém, há muita coisa que podemos aplicar nesta passagem, e uma delas está no simbolismo da profundidade do rio que Ezequiel atravessa. Esse rio brotou do Templo e simboliza as bênçãos do Templo.
Quando Ezequiel atravessa o rio pela primeira vez, ele é raso (Ver Ezequiel 47:2–3) Mas a medida que ele volta a atravessar o rio, ele se torna mais e mais profundo (Ver Ezequiel 47:4–5). Assim o poder do templo para influenciar nossa vida aumenta à medida que o frequentamos.
Todos que entram no Templo reconhecem que verdades maravilhosas são ensinadas lá, mas muitas delas por meio de símbolos. A princípio nossa compreensão dessas verdades ou das ordenanças apenas “dão pelos artelhos”, por isso precisamos atravessar o “rio” várias vezes ou, em outras palavras, frequentar o templo sempre que possível.
Nem sempre teremos um bom e sábio líder para me dar as respostas imediatas sobre a doutrina do Templo. Mas se frequentarmos regularmente o Templo, então aprenderemos cada vez mais – e chegaremos a um conhecimento profundo sobre a doutrina do Templo.
Outros aspectos para aprender a doutrina no Templo
Depois que a sessão terminou fui cumprimentar o selador, e ele agradeceu pela minha pergunta. Eu é que fiquei grato pela resposta. Ainda assim, vi naquele bom servo uma pessoa humilde, que não buscava a glória dos homens. Ele estava no Templo para servir e abençoar. Por muitos anos realizava o trabalho como selador.
Isso me fez ponderar em outros aspectos para buscarmos as bênçãos do Templo – que não apenas incluem o aprendizado da doutrina, mas a cura, a revelação e a salvação.
Primeiro precisamos estar dispostos a trabalhar – e trabalhar para salvar outros. O Élder David E. Sorensen, que serviu na Presidência dos Setenta, disse:
“A obra do templo é um ato de serviço. O templo é um lugar onde temos a oportunidade de fazer algo pelos outros. Em recentes dedicações de templos, o Presidente Hinckley sugeriu que não nos preocupássemos tanto com os benefícios pessoais de frequentar o templo, mas que nos concentrássemos na obra do templo como um “trabalho” de fato. (…)
Se vamos ao templo unicamente em proveito próprio, podemos estar, na verdade, negando a nós mesmos o acesso aos maiores benefícios espirituais. Pensem sobre as coisas que fazemos quando vamos ao templo. Elas são semelhantes ou não às atividades que chamamos de “trabalho”? O trabalho geralmente é algo difícil, desafiador e às vezes tedioso; por outro lado, podemos pensar nele como algo agradável. O trabalho requer que estejamos engajados no processo. Talvez, se na nossa auto-avaliação, percebemos que nossa ida ao templo é uma atividade passiva, podemos não estar recebendo tudo a que temos direito.” (“A doutrina do Trabalho no Templo“, A Liahona Agosto de 2012)
Segundo, precisamos nos concentrar em Cristo. O Presidente Russell M. Nelson disse:
“A Expiação de Jesus Cristo é o evento central na história da humanidade. Constitui o âmago do plano de salvação. Sem a Expiação infinita, toda a humanidade estaria irremediavelmente perdida. As ordenanças e os convênios do templo ensinam sobre o poder redentor da Expiação.” (“Preparar-se para as Bênçãos do Templo”, A Liahona outubro de 2010).
Precisamos refletir sobre a Expiação ao procuramos entender os símbolos e doutrinas do Templo enquanto trabalhamos com afinco para salvar aqueles que não tiveram a chance de receber as ordenanças na vida mortal.
Esse três elementos unidos: frequência, trabalho constante pelo próximo e enfoque na Expiação nos revelam as maravilhosas verdades espirituais que não estão disponíveis a todos. O Espírito Santo, então, que é o verdadeiro professor, pode achar em nós um coração disposto para receber verdades celestiais.
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