O que aprendemos sobre a mortalidade e a vida eterna com as árvores citadas nas escrituras
Com mais de 60 mil espécies de árvores na terra, faz sentido que atribuamos nomes para diferenciá-las. Supomos que o Jardim do Éden tinha uma vasta variedade de árvores, mas aprendemos os nomes de apenas duas delas — a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Estes nomes não seguem o padrão para nomear árvores. Nós chamamos de árvore que produz cerejas de cerejeira; uma árvore que produz maçãs de macieira. Talvez um olhar mais atento aos nomes únicos destas duas árvores nos ajude a entender melhor o seu lugar único de honra dentro do jardim.
Vamos começar pela árvore da vida. Representações, contos e desenhos da árvore da vida são incontáveis e difundidas entre religiões e culturas ao longo do tempo. Historicamente, o “cetro real” de um monarca representava um ramo de vida da árvore da vida. Na Idade Média, a Cruz de Cristo foi muitas vezes retratada como sendo feita a partir da árvore da vida.
O menorá sagrado, com os seus sete ramos, traz luz como a árvore da vida. Até as nossas representações genealógicas, “árvores familiares”, simbolizam a árvore da vida. A árvore da vida parece estar em todos os lugares! Mas biblicamente, ela recebe pouca atenção; há apenas três breves menções da árvore da vida na narrativa do Gênesis. Mais tarde, em Provérbios, ela é referida metaforicamente em quatro ocasiões simples. Mas no capítulo final do Novo Testamento, quase 2 mil páginas depois, quase no último versículo de toda a Bíblia, a árvore é citada novamente.
Talvez seja a combinação das imagens de Gênesis e de Apocalipse que levaram à popular e duradoura influência cultural da árvore. Aqui, no final de Apocalipse, temos três versículos poderosos que destacam o significado eterno da árvore da vida:
E eis que sem demora venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.
Eu sou ao Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o último.
Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas (Apocalipse 22:12-14)
Nestes versículos, ouço ecos proféticos poderosos de “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos.” Esse belo documento usa palavras semelhantes, pois sintetiza a missão do “Grande Jeová do Velho Testamento e o Messias do Novo Testamento”:
- “Cada um de nós será julgado por Ele de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.”
- “Eu sou o primeiro e o último; sou o que vive, sou o que foi morto” (D&C 110:3–4).
- “Seu caminho é aquele que conduz à felicidade nesta vida e à vida eterna no mundo vindouro.”
Estes versículos e frases, adicionados à nossa familiaridade com a visão de Leí da árvore da vida no Livro de Mórmon, bem como muitas outras referências em nossas escrituras da restauração e as ordenanças do templo sagrado, deixam claro que a árvore da vida poderia ser mais precisamente considerada a árvore da vida eterna. Ou, reformulando a frase, podemos chamá-la de “árvore da eternidade”.”
Uma vez que as leis da natureza ditam que o fruto está diretamente relacionado com a árvore de onde ele se originou — em outras palavras — seria esperado que o fruto da “árvore da eternidade” tivesse qualidades e características eternas. Nenhum dos nossos vários relatos de jardins detalha a experiência de Adão e Eva ao comer deste fruto, mas Leí descreve em detalhes o que ele sentiu em sua visão. Ele disse que era o fruto mais doce que já tinha provado, a coisa mais branca que já tinha visto.
Era “desejável fazer uma pessoa feliz”, e “encheu [sua] alma com imensa alegria. Para enfatizar ainda mais, Néfi explicou mais tarde que era mais “desejável que qualquer outro fruto” e “a maior de todos as dádivas de Deus”, assim como nós esperaríamos que o fruto da “árvore da eternidade” fosse. Leí e Néfi não queriam nada mais do que compartilhar o fruto com sua família, porque “a vida eterna com os nossos entes queridos é mais doce e mais desejável do que qualquer outra coisa.”
Agora, vamos para a outra árvore, a árvore do conhecimento do bem e do mal. Nós já sabemos que seu fruto precisava ser comido para permitir o crescimento e o desenvolvimento, e que ele foi divinamente projetado para ser delicioso. Assim como o fruto da “árvore da eternidade” era desejável. No entanto, tal como a maçã de Eva, esta árvore foi injustamente difamada.
Quando somos apresentados a duas coisas, como estas duas árvores, nossas mentes muitas vezes os encaixam em uma estrutura dualista, tomando um atalho mental para entender a relação entre elas. Nós fazemos uma divisão, meio sem querer, aplicando uma explicação complementar. Este parece ter sido o triste destino da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Quando vista como o oposto da maravilhosa árvore da vida, a árvore do conhecimento do bem e do mal se parece com a terrível árvore da morte. Mas não faz sentido que frutos deliciosos e desejáveis venham de uma árvore terrível. Um olhar mais atento ao seu nome nos ajuda a restaurar o respeito a esta árvore igualmente preciosa.
As palavras “bem e mal”, usadas para descrever o tipo de conhecimento que esta árvore dá. Ao notar definitivamente os dois extremos, um contador de histórias criativo pinta um quadro de todas as opções possíveis. Assim, “conhecimento do bem e mal” descreve todo o conhecimento—toda a gama de distinções morais – preto e branco e todos os cinzas no meio.
O Presidente Wilford Woodruff afirmou que o fruto desta árvore foi ordenado para ser comido, “a fim de que [a humanidade] possa conhecer o bem e o mal, passando por esta escola de experiência que esta vida nos oferece.”
Como é interessante que comer o fruto desta árvore tenha dado entrada à mortalidade, uma vez que a própria árvore representava a preciosa experiência de aprendizagem da mortalidade. “A árvore frutífera, que dá frutos, segundo a sua espécie.”
Esta não é uma árvore terrível, assim como a mortalidade não é um castigo terrível. Isso nos leva à mesma conclusão que o Élder B. H. Roberts faz em seu livro A Verdade, O caminho, a vida: “Deixe-se observar que a árvore do conhecimento, mesmo que a árvore da morte, não é chamada em nenhum lugar de ‘árvore do mal’, ou seu fruto é chamado ruim… Pelo contrário: está incluído entre as “árvores agradáveis à vista, e boas para comida”, no mesmo versículo em que nos é mostrado seu nome (Gênesis 2:9).”
Isso faz sentido lógico, já que fomos ensinados repetidamente que a mortalidade é uma fase necessária da vida em nosso caminho para a salvação e exaltação. O Élder Jeffrey R. Holland reconheceu esta necessidade quando afirmou que “inerente ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal” é “o caminho para o crescimento e a divindade”.”
Pensar na árvore do conhecimento do bem e do mal como a “árvore da mortalidade” torna fácil reconhecê-la como o complemento divino da “árvore da eternidade”, em vez de seu oponente destrutivo, já que a melhor prova de complementaridade entre duas coisas é quando nenhuma existe sem a outra, quando a ausência de uma torna ambas sem sentido.
Esta é precisamente a relação entre a mortalidade e a vida eterna, a relação que estabeleceu as condições perfeitas para o plano de salvação prosseguir.
Fonte: LDS Living
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