Um guia para pessoas introvertidas e seus chamados na Igreja
“Vamos mudar de ala.”
Disse ele brincando, mas eu tive um sentimento de que havia uma verdade por trás daquela tarefa, porque a verdade é que: meu esposo, que foi chamado como professor do quórum do sacerdócio, é introvertido. E ensinar, estar na frente a uma sala cheia de alunos? É um pesadelo para ele.
Jerry Seinfeld compartilhou uma brincadeira sobre pessoas introvertidas que diz:
“De acordo com a maioria dos estudos, o medo número uma das pessoas é falar em público. O número dois é a morte. Isto significa para um pessoa normal, que se você for a um funeral, é melhor entrar no caixão do que fazer um discurso.”
Esse é o caso de muitas pessoas introvertidas.
Então, o que fazer quando o seu chamado inclui falar em público? Ou mesmo que você não fale em público, a maioria dos chamados envolve falar com uma variedade de pessoas – mas e se isto provocar ansiedade em você?
Não tema: há esperança! E mesmo que ser introvertido em um chamado que requer interação social possa não ser nada fácil, é absolutamente possível e pode ser muito recompensador. Mas talvez, ao seguir essas dicas torne um pouco mais fácil.
Você é suficiente do jeito que é
Se existe algo que eu quero que você aprenda de todo esse artigo, são essas palavras do meu amigo Jeremy Clark, um estudante de Casamento e Terapia Familiar na Utah State:
“Você não tem que ser extrovertido para ser um ‘bom membro’ da Igreja. Está tudo bem se você não gostar das atividades da ala, ou de discursar ou prestar testemunho na reunião sacramental, ou de fazer um comentário na escola dominical, ‘porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.’ Você não precisa ser extrovertido para ir bem em seus chamados. Você não precisa fingir ser carismático ou gostar de falar em público.”
Lembra daquele discurso do Élder Holland sobre o Igreja ser sobre um coral? Ele disse:
“Nos dias em que nos sentimos um pouco fora do tom, um pouco inferiores em relação ao que pensamos ver nas outras pessoas ou ao que pensamos ouvir delas, peço-lhes, especialmente aos jovens da Igreja, que se lembrem de que, por desígnio divino, nem todas as vozes do coro de Deus são iguais. É preciso ter variedade — sopranos e contraltos, barítonos e baixos — para enriquecer a música. Como expressado alegremente na carta de duas extraordinárias mulheres da Igreja: “Todas as criaturas de Deus têm um lugar no coro”.6 Quando menosprezamos nossa singularidade ou tentamos nos adequar a estereótipos irreais — orientados por uma cultura de consumo insaciável e idealizados pela mídia sem qualquer possibilidade de serem alcançados —, podemos perder a riqueza de tons e timbres planejada por Deus quando Ele criou um mundo diversificado.”
Todos nós, introvertidos ou extrovertidos – temos um lugar no plano de Deus e na Sua Igreja. As pessoas que sofrem ao ser mais social e participar em chamados mais “extrovertidos” ainda fazem parte desse plano.
Temos características únicas que podemos compartilhar. Para algumas pessoas, pode ser falar com confiança em frente de uma multidão.
Para outras, pode ser falar com alguém da ala, via mensagem de texto. Para outras, é dar exemplo de reverencia e humildade em seus bancos no domingo.
Quando você se sentir frustrado, lembre-se que todos temos papéis diferentes – e ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Somos simplesmente diferentes.
Seja honesto com os seus líderes
Quando eu estava na minha missão, um membro da minha ala disse algo que realmente me afetou e mudou a minha perspectiva: “Metade da revelação é informação.”
Tive esse sentimento ao ler um incrível artigo da Ensign, intitulado “Meu Coração Disposto, Meu Bispo e Minha Esquizofrenia”.
A essência do artigo é a seguinte: a autora, Sarah, tem esquizofrenia (em meio a outras doenças mentais) que estava em remissão há vários anos – então, quando recebeu um chamado para trabalhar com os escoteiros, sentiu-se bem em prosseguir.
No entanto, ao final da primeira reunião em que ela participou, seu cérebro estava tão sobrecarregado que ela se viu balançando para frente e para trás em um canto, cantarolando para se acalmar.
Seu bispo, que a viu naquele estado, a desobrigou de seu chamado na hora e elogiou sua disposição em servir. Ela escreveu:
“Em nossa reunião no domingo seguinte, meu bispo explicou a experiência reveladora de estender os chamados.
Ele disse que pensava em todas as pessoas qualificadas da ala, em tudo o que sabia sobre elas, e orava. Ele então explicou que só podia receber inspiração com base no que sabia sobre um indivíduo.
Sem todas as informações, ele poderia chamar uma pessoa que era completamente digna de ter o chamado, mas fisicamente incapaz de cumpri-lo.
Ele disse que parte de seu processo de treinamento como bispo, era aprender a fazer as perguntas certas para reunir informações antes de levar o assunto ao Senhor.
Meu bispo explicou humildemente que o Senhor o estava treinando, para melhor atender às necessidades individuais dos membros da ala.
Ele explicou que, porque eu sabia da minha doença e aceitava o chamado de qualquer maneira, meu sacrifício era semelhante a moeda da viúva, pois “do meu [desejo] [eu] joguei tudo o que eu tinha” (Marcos 12:44).
Ele disse que aceitar o chamado era mais importante do que minha capacidade real de realizá-lo, porque o Senhor entendia a minha doença.
Ele explicou amorosamente que parte do motivo de ter sido inspirado a me chamar como líder dos escoteiros era que o Senhor queria que o bispo entendesse o quanto eu estava disposta a servir.”
O Senhor sabe que somos capazes de grandes coisas, mas também reconhece que temos nossas lutas e provações – e podemos ser honestos com os líderes locais.
Isso não significa que devemos recusar um chamado, mas que podemos explicar nossas circunstâncias a nossos líderes (especialmente nosso bispo) para permitir que todos fiquemos na mesma página.
No mínimo, você pode debater juntos e aprender algumas habilidades e novas ideias para tornar o chamado mais personalizado para suas habilidades.
Há tanta força na vulnerabilidade, portanto, esteja disposto a abrir seu coração para as pessoas que ocupam posições de liderança. Isto pode fortalecer muito todos os envolvidos.
Pratique a consciência plena
Esse tópico pode parecer simples, mas carrega um grande peso.
“Respire”, aconselhou Jeremy. “Lembre-se de respirar fundo e centralizar-se no momento presente se estiver nervoso, ansioso ou oprimido. A respiração consciente diminui o batimento cardíaco e a pressão sanguínea, enquanto reduz os níveis de estresse no corpo. ”
Quando se trata de estar atento a um ambiente de estresse, existem vários exercícios que você pode fazer para vencer sentimentos caóticos ou negativos.
A Harvard Business Review publicou um artigo em 2012 sobre a prática da atenção plena nessas situações (particularmente no trabalho) intitulado “Train Your Brain to Focus” (Treine seu cérebro para se concentrar”). Uma de suas sugestões inclui “Aplicar os freios”. No artigo lemos:
“Seu cérebro examina continuamente seu ambiente interno e externo, mesmo quando você está focado em uma tarefa específica. As distrações estão sempre à espreita: pensamentos, emoções, sons ou interrupções desobedientes.
Felizmente, o cérebro é projetado para parar instantaneamente um pensamento aleatório, uma ação desnecessária e até uma emoção instintiva de atrapalhá-lo e tirá-lo do caminho.
O que você pode fazer? Para evitar que as distrações sequestrem seu foco, use o método ABC como o pedal do freio do cérebro.
Fique atento às suas opções: você pode interromper o que está fazendo e resolver a distração, ou pode deixar para lá. Respire fundo e considere suas opções. Depois escolha: Paro? Ou sigo em frente?”
Portanto, quando as coisas parecerem esmagadoras ou difíceis, pare por um momento e tente o método ABC (ou qualquer outro número de técnicas de atenção plena) e lembre-se de que você consegue!
Faça você mesmo
Quando se trata de chamados, saiba que não existe um “padrão-ouro “ou uma maneira “certa” de cumprir um chamado. Como cada um de nós é único, cumpriremos nossos chamados e responsabilidades de maneira distinta.
Um usuário do Reddit, um aplicativo de compartilhamento de ligações escreveu: “Faça a ligação da maneira que se sentir confortável. Não siga as agendas dos outros ou algo assim, aprenda com os outros, mas não seja como os outros”.
Lembre-se que foi designado para presidir um chamado agora, não outra pessoa – então você só precisa ser você! Deus conhece você e deseja que seus pontos fortes, suas paixões e sua perspectiva toquem os corações daqueles a quem você serve
Deus realmente entende o que você está passando em todos os aspectos da sua vida, inclusive no seu chamado, e Ele quer que você tenha sucesso. Então ore por força. Ore por energia e poder além do seu, sempre que precisar!
No fim do dia, não importa se somos introvertidos ou extrovertidos – todos precisamos de ajuda do Senhor, quando se trata de cumprir e prosperar em nossos chamados. Ao aplicar essas ideias (e pedir ao Pai Celestial uma medida extra de Sua ajuda), termos a força necessária para servir ao Senhor.
Fonte: Third Hour
O guia de sobrevivência para introvertidos em uma igreja extrovertida