Por que um ex-missionário está correndo toda a extensão do país onde serviu
É normal para um ex-missionário voltar para visitar o país onde serviu, certo? E que tal se mudar para o país, ganhar um lugar em um time de futebol profissional, percorrer todo o país como parte de um grupo de danças culturais, e iniciar um movimento que consiste em correr toda e extensão do país recolhendo toneladas de lixo ao longo do caminho? Bem… aí já não é tão normal. Mas essa é a história de Clayton Thomas Kearl.
Em fevereiro de 2016, o pai de Clayton decidiu conceder ao filho o que ele tanto queria: uma passagem só de ida para o Peru. Clayton sabia que queria voltar para o país que ele amava, mas não tinha ideia do que faria quando o avião pousasse.
“Meu pai me entregou a passagem e disse: ‘Você diz que quer se mudar para o Peru e quer fazer algo lá, então vá e descubra. Mas no momento em que você pensar em me ligar para pedir dinheiro, não ligue. Descubra!”, diz Clayton. “Então ele me deu a passagem de ida, e eu basicamente parti com essa mensagem.”
Sobre o dia em que Clayton partiu, o pai de Clayton, Thomas Kearl, lembra:
“Confiei que as intenções dele eram boas e que ele tinha essa responsabilidade que ele sentia que devia cumprir. Sempre estive disposto a ajudar todos os meus filhos, em qualquer atividade que fosse virtuosa, amável, de boa fama ou louvável. Então eu realmente não me preocupei porque confiei nele completamente. ”
Chapa Tu Basura: Limpe seu lixo
Três anos depois, Clayton tornou-se uma espécie de celebridade no Peru, conhecido por centenas de milhares de seguidores nas mídias sociais peruanas como Gr3ngasho. Agora, ele está usando essa influência para uma causa pela qual ele é apaixonado: limpar o lixo que cobre boa parte do país que ele ama. O movimento é chamado de Chapa Tu Basura, gíria peruana para “cate o seu lixo”.
“A ideia de Chapa Tu Basura é chegar com alegria, felicidade, entusiasmo e ensinar as pessoas. No Peru, há o costume de ir à praia e fazer uma limpeza nela, mas apenas na praia. Ninguém fala sobre bairros ou lixos nas ruas – onde há muito mais lixo do que na praia. A cultura de jogar lixo em qualquer lugar precisa parar ”, diz Clayton.
Com a ajuda de doações de seus seguidores, amigos e familiares, Clayton está em uma missão para correr da fronteira do Peru e do Equador até a fronteira do Peru e do Chile – uma distância de mais de 2400 quilômetros. Ao correr cerca de 24 quilômetros por dia, Clayton pretende completar seu objetivo em cerca de quatro meses.
Durante o percurso, Clayton e sua equipe organizam eventos de limpeza, contatando os seguidores de Clayton nas redes sociais.
“Fico impressionado quando eu publico um stories no Instagram, e 30 a 60 pessoas vão me encontrar para recolher lixo por duas horas comigo”, diz Clayton.
O caminho para a fama
O que Clayton fez nos primeiros anos no Peru para construir esse tipo de influência? Bem, essa é a história:
Quando ele chegou em Lima, Clayton foi morar com um companheiro de missão. Quando estudou na BYU-Havaí, Clayton jogou futebol pela universidade. No Peru, ele estava treinando em um campo de futebol certa manhã quando alguém se aproximou dele e o incentivou a tentar entrar em uma equipe profissional de segunda divisão. Clayton fez isso e entrou no time. Quando chegou a hora de assinar um contrato, no entanto, ele não tinha a documentação necessária e teve que desistir.
“Eu estava basicamente de volta à estaca zero”, diz ele.
Um outro amigo sugeriu que Clayton tentasse trabalhar para uma estação de rádio. Ele foi na estação de rádio e foi convidado para uma entrevista, o que o levou a voltar lá todos os dias durante dois meses. Durante o processo de trabalho na estação de rádio, Clayton foi recrutado em uma banda e se tornou um dançarino de apoio.
“Produção musical, canto, dança são coisas muito importantes na minha família… Então, quando fui apresentado à música e à dança latina, foi perfeito.”
Os sete meses seguintes foram gastos em 24 dos 28 estados do Peru, conquistando fãs e seguidores ao longo do caminho.
“Durante aqueles sete meses, eu não fazia ideia do que faria a seguir. Minha mãe perguntava: ‘Ok, então o que você vai fazer? ‘ Mas quando você está em uma grupo musical, você não consegue pensar duas semanas no futuro”, diz Clayton.
Eventualmente, seu tempo como um dançarino de apoio chegou ao fim. Depois de uma viagem que consistiu em 12 horas em um ônibus de turnê para dançar em um show às duas da manhã, Clayton foi informado de que ele precisava voltar para a van e dirigir por mais 28 horas até o próximo show. Decidindo que já estava farto, Clayton pegou sua mochila e não voltou ao ônibus. Por sorte, o grupo musical estava em uma cidade que Clayton servira em sua missão, então ele tinha um lugar para passar a noite.
Logo depois disso, o primeiro ano de Clayton no Peru chegou ao fim e ele foi para Utah para passar o Natal com sua família.
“Enquanto estava em casa, tive essa ideia maluca. Com os seguidores que eu tinha gerado por estar na banda, eu contatei um monte de empresas, arrecadei 7.500 dólares, e eu e três amigos pulamos em uma van. Nos quatro meses seguintes, viajamos por 13 países, indo do Utah ao Peru”, diz Clayton.
De volta ao Peru, Clayton lançou um vídeo no YouTube falando sobre por que ele acha que o Peru é o melhor país. Para sua surpresa, o vídeo viralizou na internet, atingindo quatro milhões de visualizações. As contas de mídia social de Clayton foram inundadas com mensagens de agências de notícias no Peru solicitando entrevistas. E isso foi apenas o começo. O canal do YouTube de Clayton agora tem milhões de visualizações e uma ampla variedade de vídeos.
“Nesta loucura de fazer esses vídeos, acabei criando vídeos com milhões de visualizações que são apenas brincadeiras e comédias. Mas por trás das cortinas, eu sempre soube que estava construindo algo para fazer algo grande a seguir”, diz Clayton.
Por que lixo?
Esse “algo grande” tomou forma através de várias experiências na vida de Clayton. Primeiro, ele disse que lembrava muito do problema do lixo no Peru quando servia como missionário. Mais tarde, ele viu em primeira mão quanto lixo está nas estradas de toda a América Latina durante sua viagem de quatro meses de Utah ao Peru.
Ele também teve uma experiência única quando estava em um ônibus para Machu Picchu que ficou gravado em sua mente para sempre.
Alguns amigos da BYU-Havaí vieram visitar Clayton, e o grupo estava em um ônibus para fazer uma caminhada em Machu Picchu pela primeira vez. Quando passavam pelas cidades no caminho, as pessoas vinham até o ônibus para vender comida – embrulhadas em sacolas plásticas. Clayton observou o que aconteceu depois que uma família peruana almoçou naquele ônibus.
“Como se fosse ontem, posso dizer exatamente como aconteceu. O pai pediu comida, e assim que a garotinha terminou sua torta de maçã, ela deu ao pai seu lixo, e ele abriu a janela e jogou fora ”, diz Clayton. “Mas o problema maior foi: assim que o pai fez isso, todos os cinco filhos fizeram bolas com as sacolas plásticas, abriram a janela e jogaram para fora.
Essas experiências, combinadas com um amor pelo povo peruano, agora motivam Clayton a correr 15 milhas pela costa todos os dias pelos próximos quatro meses.
Correndo a costa
“Tirando minha minha missão, essa é a coisa mais insana, incrível e mais difícil que já fiz na vida. Acordar e correr 20 a 24 quilômetros todos os dias é requer uma motivação animal ”, diz Clayton.
Mas, como nas experiências mais difíceis, o crescimento pessoal e as bênçãos surgem ao longo do caminho.
“Quando você está no meio do deserto, e é só você a lua, as estrelas e a estrada, tudo se torna definitivamente espiritual. Você sente que tem conversas com o Pai Celestial. Você sente o Espírito. Você pensa no que está fazendo agora, no que vai fazer amanhã, no que quer fazer. Você tem três horas na calçada, o que mais você vai pensar? ”, Diz Clayton.
Clayton não é o único que está crescendo com a experiência. Sua mãe, a quem Clayton se refere como sua “maior fã”, também foi impactada pela jornada de seu filho no Peru.
“Eu acho que a única pergunta que cada um precisa fazer, e eu tenho me perguntado isso mais e mais enquanto assisto a Clayton, é: ‘O que você vai fazer com o que lhe foi dado?’ Tem que haver uma avaliação do que você faz todos os dias… que trás algum tipo de resposta que ajuda você a sentir que poderia responder essa pergunta com uma quantidade relativa de responsabilidade ”, diz Nanette Kearl. “Clayton tem propósito e que realmente acende algo quando você está com ele.”
Ao refletir sobre uma experiência que teve com um dos fãs de Clayton, seu pai diz:
“Obviamente, há uma sensação de alegria em ver seus filhos realizarem seus sonhos e seus objetivos, mas acho que neste caso, é algo que te fazer ser mais humilde… Uma das autoridades gerais disse a ele: ‘Clayton, você tem uma responsabilidade. Você é um embaixador para a Igreja onde quer que você vá. ‘”
Clayton não tem certeza de como será a vida no futuro para ele, mas sabe que quer que o Peru desempenhe um papel importante nisso. Ele diz,
“Talvez o motivo pelo qual fui enviado ao Peru tenha sido não só um impacto de dois anos sobre as pessoas, mas um impacto para a vida toda.”
Esta é uma tradução do artigo publicado originalmente no site ldsliving.com com o título “’Why This RM Is Running from One End of Peru to the Other”.
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