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Posso ter acesso ao Dom de Línguas em qualquer momento da vida?

Sempre que penso no Dom de Línguas, a primeira imagem que vem a minha mente é dos missionários que precisam aprender um novo idioma para servirem ao Senhor. Não sei porque mas isso sempre acontece. Acabo me lembrando de minhas companheiras que precisaram aprender português para ajudar as pessoas que ensinávamos e como elas se esforçavam para memorizar palavras, entenderem significados e aplicarem o que aprendiam. Depois de algumas semanas dentro desta rotina, algo incrível acontecia. Elas começavam a entender o que as pessoas estavam falando, ao mesmo tempo que conseguiam ajudar as pessoas que ensinávamos.

Instantâneo?

Sempre pensei também que o Dom de Línguas era algo instantâneo. Algo como “preciso entender essa frase que essa pessoa falou” e plim! O Dom de Línguas se manifesta e a compreensão vem naquele exato momento. Ao conviver com pessoas que precisavam desesperadamente deste dom, aprendi que não é um dom que recebemos num piscar de olhos. Aprendi que leva uma certa quantidade de tempo, mas um tempo que não é o nosso, é, na verdade, o tempo do Senhor.

O Dom de Línguas é um dom, dado pelo Espírito Santo, que ajuda as pessoas a falarem e a entenderem idiomas desconhecidos. É um dom que, por ser do Espírito, exige que sejamos obedientes ao Senhor e aos Seus mandamentos. Entretanto, ser obediente não é o suficiente, precisamos estudar e trabalhar duro para obtê-lo. Lembro-me do esforço que minha companheira fazia para memorizar novas palavras e para pronunciá-las corretamente, via que ela anotava todas as palavras novas em um caderninho e andava com ele para todos os lados. Lembro-me que ela dava o seu melhor para estudar as escrituras em português e para escrever em seu diário. Foi somente depois de se esforçar que o dom de línguas se manifestou.

Mas será que o Dom de Línguas é algo só para missionários? Membros da Igreja que não são missionários de tempo integral também podem receber este dom? Por experiência própria, posso dizer que sim.

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Todos podem ter esse dom

O Dom de Línguas é um dom qualquer membro da Igreja pode receber. Tanto para entender um idioma desconhecido (ou pouco conhecido) ou para falar tal idioma. Em Doutrina e Convênios 46:8-9 lemos que:

“Portanto, acautelai-vos para que não vos enganem; e, para que não sejais enganados, procurai com zelo os melhores dons, lembrando sempre por que são dados;

Pois em verdade vos digo: Eles são dados em benefício daqueles que me amam e guardam todos os meus mandamentos e daqueles que procuram assim fazer; para que sejam beneficiados todos os que buscam ou que me pedem e que pedem não um sinal para satisfazer suas concupiscências.”

Todos nós podemos receber esse dom, se somos aqueles que amam o Senhor e que guardam Seus mandamentos. Recebemos esse dom também se buscamos usá-lo para propósitos altruístas, para servir nosso próximos e ajudar aqueles que necessitam.

Tenho um exemplo prático disso.

Até mesmo japonês?

Há algum tempo, fui designada para ensinar japonês para alguns missionários brasileiros que iriam servir no Japão. Naquela época, eu tinha um vocabulário limitado e pouca experiência em utilizar o idioma em contextos religiosos. Fiquei apavorada quando me pediram para servir. Sabia que as opções eram escassas e que não haviam muitas outras pessoas disponíveis para ajudá-los. Eu queria ajudar, mas não tinha nenhuma ideia de como aquilo poderia dar certo. Felizmente, fui avisada com antecedência e pude me preparar por aproximadamente um mês. Senti que aquele era o momento que eu deveria depender inteiramente do Senhor.

Comecei prontamente a me preparar para aquele tempo de serviço. Estudei o vocabulário missionário todos os dias. Li o Livro de Mórmon em japonês frequentemente. Memorizei palavras importantes para falar sobre o evangelho e também padrões gramaticais essenciais para fazê-lo. Memorizei passagens das escrituras, bem como as palavras do propósito missionário, do relato do profeta Joseph sobre sua primeira visão e outros. Nunca estudei japonês tão intensamente em minha vida.

Então, o grande dia chegou. O dia em que precisaria falar japonês com os missionários. Eles precisavam da minha ajuda para que assim pudessem melhorar seu idioma e assim ajudar as pessoas. Ao meu ver, eu parecia mais tensa e mais nervosa do que eles. Lembro-me que até senti algumas dores estomacais. Foi então que lembrei do dom de línguas.

Naquele momento, lembrei-me de tudo o que sabia sobre o dom de línguas e me senti tão boba por ter esquecido de algo tão precioso naquele momento. Imediatamente ofereci uma oração ao Pai Celestial, pedindo aquele dom não porque eu queria ser mais proficiente em japonês, mas porque eu precisava ajudar os missionários.

Entrei na sala, cumprimentei aqueles missionários cheios de fé e alegria. E senti as palavras saindo de minha boca. As palavras nem a gramática eram perfeitas, meu conhecimento não era perfeito, mas durante todo o tempo que servi àqueles representantes de Jesus Cristo, senti o dom de línguas constantemente me ajudando a falar melhor, a lembrar palavras e a fazer o que eu fui designada a fazer.

É como o Senhor prometeu nas escrituras:

E também a alguns é dado falar em línguas;
E a outros é dada a interpretação de línguas.
E todos estes dons vêm de Deus, para benefício dos filhos de Deus.
E acontecerá que aquele que pedir em Espírito receberá em Espírito;

(Doutrina e Convênios 46: 24-26; 28)

O dom de línguas não me fez instantaneamente começar a falar um japonês perfeito, muito menos recebi esse dom sem ter trabalhado. Precisei fazer minha parte para que Deus pudesse fazer a Dele. E mesmo não sendo uma missionária, pude desfrutar desse dom tão especial que está ao alcance de todos que possuem um desejo sincero de aprender um idioma e de servir ao nosso Pai Celestial.

Escrito por Marie Sunaga

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