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Como o dinheiro é usado na Igreja de Jesus Cristo

Há alguns anos, um artigo da BusinessWeek recebeu uma grande publicidade por causa da sua capa. A capa zombou de um acontecimento sagrado na história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos membros são conhecidos como “mórmons”. A capa foi lançada antes do artigo e recebeu críticas imediatas de especialistas em jornalismo, incluindo Rick Edmonds. Edmonds é um analista de negócios de mídia do Instituto Poynter. Eles são conhecidos por ajudar os profissionais de jornalismo a manter a integridade jornalística e monitorar os casos de viés. Edmonds disse ao Deseret News:

“Como alguém que tem acompanhado a cobertura de política e fé e, mais especificamente, ‘a questão mórmon’ durante o ano passado, eu vejo isso como grande retrocesso. Eu pensei que havíamos superado o problema de ridicularizar as imagens sagradas de outras religiões, mesmo dos muçulmanos radicais, ainda mais dos nossos colegas americanos. Eu duvido que a história esteja tão fora de sintonia como a capa, mas por si só, ela cruza a linha entre jornalismo e intolerância”.

O artigo que a acompanha falou sobre a situação financeira da Igreja. Grande parte do artigo veiculava informação enganosa e não retratava um quadro preciso da história. Isto acontece, em parte, porque é difícil escrever sobre a fé de outra pessoa, e pela falta de profundidade e compreensão de vários aspectos daquela religião.

Compreender apenas um aspecto de uma religião implica compreender outros fatores que os jornalistas, na sua maioria, não possuem tempo para fazê-lo. Você deve, de fato, entender aquela religião e como suas finanças diferem de finanças corporativas.

Como o dinheiro é usado dentro da Igreja de Jesus Cristo?

As finanças da Igreja são frequentemente discutidas publicamente por seus líderes. Duas vezes por ano, a Igreja realiza uma conferência que é transmitida em todo o mundo e também publicada na revista e no site oficial. Em 1995, Gordon B. Hinckley, que era então o presidente da Igreja, respondeu a uma série de questões que os membros tinham, incluindo as questões de financiamento. A resposta completa, em vez do breve trecho utilizado neste artigo, dá uma compreensão mais clara dos assuntos financeiros da Igreja. Existem duas questões relacionadas às finanças da Igreja.

O Presidente Hinckley explicou que a maioria dos ativos da Igreja estão concentrados nos edifícios da Igreja, templos, escolas, edifícios de educação religiosa para adolescentes e estudantes universitários, bem-estar, instalações genealógicas, e edifícios de missões. Ele ressaltou que estes não produzem renda, mas usam os recursos. Eles são construídos não para criar riqueza, mas para apoiar o trabalho da Igreja e para elevar e ajudar os membros. Esta é uma forma em que as finanças religiosas são diferentes das finanças seculares.

Os Santos dos Últimos Dias acreditam em ser financeiramente responsáveis. Os membros não são ensinados a procurar riquezas, mas sim, se tornarem responsável no uso do dinheiro, evitando as dívidas e mantendo uma poupança para tempos de dificuldades financeiras. Em uma época em que muitas igrejas estão fechando devido ao endividamento excessivo ou dízimos em queda, os Santos dos Últimos Dias sabem que têm de estar preparados para serem autossuficientes.

Uma reportagem de 2009 de um canal de TV publica nos Estados Unidos sobre religião e finanças relatou um aumento constante do número de falências de igrejas. Uma igreja que fecha suas portas, não pode realizar mais a obra de Deus, por isso e como parte de sua determinação de serem financeiramente responsáveis, os Santos dos Últimos Dias têm tomado medidas para garantir que não enfrentem problemas semelhantes.

A Igreja não possui dívidas, um feito quase inédito nos tempos atuais, particularmente no mundo secular e isso significa que o dinheiro do dízimo não é desperdiçado no pagamento de juros. Enquanto muitas igrejas se expandem usando dinheiro emprestado, a Igreja de Jesus Cristo se certifica de que tem o dinheiro antes de começar um projeto.

Os líderes na Igreja não escolhem a religião como carreira

A reportagem da PBS também mencionou como as Igrejas começaram a operar negócios privados como shoppings para ajudá-los a atravessarem problemas financeiros. Sobre isso, o Presidente Hinckley explicou que as empresas comerciais não poderiam sustentar a Igreja por um período de tempo significativo. Elas são, no entanto, utilizadas para promover a missão da Igreja, e não para fazer com que os líderes enriqueçam.

Os líderes da Igreja não recebem parte dos “lucros” e por isso não têm motivação pessoal nas empresas. A maioria dos líderes da Igreja trabalha sem remuneração; os poucos que trabalham em tempo integral podem receber um salário modesto, se necessário. O salário é muito menor do que aquilo que a maioria deles ganharia em suas carreiras pessoais. E este salário provém das empresas com fins lucrativos, não dos dízimos.

Os líderes da Igreja não escolhem a religião como uma carreira. Eles têm carreiras comuns e servem em uma variedade de posições na Igreja de modo voluntário. Aqueles que são escolhidos para os cargos com mais responsabilidade, como os apóstolos e profetas, são escolhidos entre os membros comuns da Igreja, geralmente em uma idade mais avançada depois que já estão bem estabelecidos em suas carreiras seculares. Eles são então obrigados a deixar seu emprego remunerado e servir o resto de suas vidas. Muitos ainda não atingiram a aposentadoria antes de serem chamados para essas posições.

Os Santos dos Últimos Dias acreditam que não devem ser impedidos de aceitar um chamado para servir simplesmente porque não são ricos e independentes. O Presidente Thomas S. Monson, tinha apenas trinta e cinco anos (uma idade extraordinariamente jovem), quando se tornou um apóstolo e, portanto, estava distante da aposentadoria, por exemplo. Muito poucas pessoas poderiam parar de trabalhar em uma idade tão jovem e se sustentar com recursos próprios pelo resto de suas vidas.

A ajuda humanitária

É importante notar que a ajuda humanitária mencionada no artigo representa uma pequena fração de todas as obras de caridade realizadas pela Igreja. As congregações locais fornecem sua própria ajuda humanitária que não está incluída nos totais gerais.

Além disso, a Igreja como um todo, possui uma variedade de programas que não são considerados parte do programa oficial de ajuda humanitária, incluindo programas de treinamento profissional, cursos de idiomas para imigrantes, programas de alfabetização, aulas de paternidade e treinamento financeiro. Cada programa custa dinheiro, mas eles não fazem parte do programa de ajuda humanitária, que é uma iniciativa distinta dos programas específicos, sem relação à religião, nacionalidade ou etnia. O programa humanitário é uma agência específica para a realização de algumas iniciativas, mas é apenas parte do quadro total.

Enquanto alguns programas visam especificamente membros da Igreja, devemos lembrar que, quando isso acontece, eles não precisam utilizar os serviços oferecidos pelo governo ou outras instituições de caridade, deixando esses fundos livres para aqueles que pertencem a igrejas que não possuem recursos suficientes ou que não pertencem a nenhuma igreja.

A maioria dos bancos de alimentos de uma comunidade deve estar preparados para servir quem precisar sem ter que racionar a comida. Muitas vezes os alimentos fornecidos por esses bancos não são suficientes e as famílias são obrigadas a pedirem ajuda de um lugar ao outro. Os Santos dos Últimos Dias não estão sujeitos a esses problemas, cada um deles pode se dirigir ao seu banco de alimentos, chamado armazém do bispo, lá as pessoas recebem tudo o que realmente precisam para cobrir as suas necessidades por período de tempo, incluindo alimentos, material de limpeza, artigos de higiene, artigos para bebês e suprimentos em geral.

Além disso, a Igreja pode ajudar com serviços públicos e cuidados médicos quando necessário. É por isso que muitas organizações de caridade se especializam em um aspecto ou apenas servem um número limitado de pessoas. Por exemplo, algumas instituições de caridade trabalham apenas com imigrantes, e outros apenas com pessoas que têm uma deficiência específica. Quanto mais especializada a assistência, mais abrangente ela pode ser dentro de uma comunidade.

Responsabilidade financeira

As finanças de uma religião não podem ser analisadas da mesma forma que um negócio com fins lucrativos, principalmente se o jornalista não compreende como as organizações sem fins lucrativos e, especificamente, as igrejas, usam seus recursos.

Os programas da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias necessitam de recursos e a maioria das igrejas aprendeu que não podem confiar apenas nos dízimos para cobrir suas muitas despesas. Muitas igrejas têm se voltado para outras fontes de renda, incluindo negócios não religiosos – e muitas vezes esses acabam por falir. A responsabilidade financeira inclui criar as condições necessárias para cumprir a missão de sua religião.

Na edição de agosto de 2018 da Liahona, revista oficial da Igreja, o Bispo Gérald Caussé disse:

“Em nossos dias, essas instruções contidas na seção 120 de Doutrina e Convênios continuam a ser meticulosamente aplicadas. Toda primeira sexta-feira de dezembro, a Primeira Presidência, o Quórum dos Doze Apóstolos e o Bispado Presidente se reúnem para examinar e aprovar a alocação dos sagrados fundos da Igreja com base na estimativa dos dízimos e ofertas para o ano seguinte. A realização desse conselho garante que as decisões sejam tomadas em espírito de aconselhamento mútuo, revelação e unanimidade. Como líderes na Igreja, sentimos continuamente nossa grande responsabilidade de usar os sagrados dízimos e ofertas de um modo que seja agradável ao Senhor.”

Na conclusão de seu artigo, o Bispo Caussé compartilhou:

“Às vezes ouvimos algumas pessoas descreverem a Igreja atual como uma instituição poderosa e próspera. Isso pode ser verdade, mas a força da Igreja não pode ser medida meramente pelo número ou pela beleza de seus edifícios ou por seus recursos financeiros ou imobiliários. Como disse certa vez o presidente Hinckley: ‘Em realidade, a única riqueza verdadeira da Igreja é a fé que tem o seu povo’”.

Veja também: A orientação do Senhor para um profeta sobre o dízimo

Posto original de Maisfé.org

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