Ainda há volta, mesmo quando achamos que fomos longe demais
Nicole Pinnell jamais imaginou que, após décadas afastada da Igreja, voltaria a ocupar um banco de capela em um domingo qualquer.
Muito menos que, naquele mesmo dia, estaria frente a frente com um apóstolo do Senhor. Mas essa é uma história sobre como o Salvador trabalha nos bastidores da nossa vida, mesmo quando achamos que nos afastamos Dele para sempre.
A decisão de voltar à Igreja veio de forma simples, porém determinada. Após mais de vinte anos longe, Nicole acordou certa de que precisava estar ali naquela manhã de domingo. Mas tudo parecia conspirar contra ela.
Atrasada, com o vestido destruído por seu papagaio, o cachorro latindo, e até um sentimento estranho pairando no ar, Nicole correu pelas ruas com a escova de dentes ainda na boca — e com o coração cheio de incertezas.
Ao entrar na capela e fechar a porta atrás de si, a escuridão que sentia foi imediatamente substituída por uma paz suave e acolhedora. Sem perceber, Nicole caminhou direto até o terceiro banco do lado esquerdo — o mesmo lugar onde costumava se sentar com os pais quando criança.
Ao levantar os olhos, reconheceu, surpresa, o homem no púlpito: Presidente Dallin H. Oaks. Naquele momento, algo começava a mudar profundamente em seu coração.

Um caminho longo para voltar
Nicole cresceu em um lar fiel em Wisconsin, com pais que viviam o evangelho de forma constante. Mas ao entrar na fase adulta, ela começou a duvidar das experiências espirituais da infância e a questionar tudo em que havia acreditado.
Foi então que, ao tentar defender sua fé frente a alguém próximo que criticava a Igreja, Nicole se viu imersa em críticas e acusações que minaram sua confiança no evangelho.
Aos poucos, ela deixou de ouvir os profetas e passou a dar ouvidos a vozes que tentavam desconstruir tudo o que ela conhecia sobre Cristo e Sua Igreja.
Um dos pontos mais difíceis para ela foi a doutrina do casamento eterno entre um homem e uma mulher. Eventualmente, Nicole tomou a decisão firme de sair da Igreja — e achava que jamais voltaria.

Vinde a Cristo
Apesar do afastamento, Nicole seguiu uma carreira brilhante como violoncelista, chegando a tocar em trilhas sonoras de filmes, rádio e álbuns indicados ao Grammy.
Em 2013, ela foi convidada a gravar uma música sobre Jesus Cristo para a Igreja. Na época, Nicole praticava o budismo e acreditava na reencarnação, mas, curiosa, decidiu orar para Jesus, pedindo ajuda para interpretar aquela música.
Sozinha no banheiro, ajoelhada sobre um tapete, ela fez uma oração sincera — e a resposta veio imediatamente. Uma sensação calorosa e amorosa tomou seu peito, e lágrimas surgiram. Jesus Cristo não era apenas uma figura histórica; Ele era real, e ela podia sentir Seu amor. A música que gravou naquele dia? “Vinde a Cristo”.
Esse foi o início de um longo processo. Ao estudar diferentes tradições religiosas, Nicole também foi aprendendo a confiar nas impressões do Espírito. Aos poucos, seu coração foi se abrindo novamente para Jesus Cristo — não apenas como um homem sábio, mas como o Salvador do mundo.

Afastada, mas não esquecida
No final de 2016, Nicole passou por momentos extremamente difíceis. Problemas de saúde, traições e dificuldades financeiras a deixaram sem forças. Foi nesse período sombrio que ela começou a buscar, com sinceridade, por paz e esperança.
Ela voltou a cultivar um jardim — algo que fazia com sua mãe — mesmo no frio do inverno. E ali, sozinha, com as mãos na terra, começou a ouvir em seu coração a voz do profeta Spencer W. Kimball. Músicas da infância vinham à mente, e um sentimento de que não estava sozinha começou a crescer.
Logo depois, uma amiga de longa data pediu para conversar com ela sobre a Igreja. Essa mulher, com seu filho Paul — um de seus alunos de violoncelo — começou a ensinar o evangelho a Nicole. A decisão de voltar ainda parecia distante, mas seu coração estava em processo de cura.
Nicole colocou diante de si três grandes perguntas: o Livro de Mórmon é verdadeiro? Joseph Smith foi mesmo um profeta? E hoje ainda existem profetas vivos? Ela buscou respostas com fé — e o Senhor respondeu.
A primeira confirmação veio ao ler Mosias 4:6–8, que a tocou profundamente. A segunda, sobre Joseph Smith, veio quase instantaneamente: um sentimento de certeza invadiu seu coração. Já a terceira, sobre profetas vivos, ainda parecia incerta — até aquele domingo em que, sem planejar, entrou na capela e encontrou o Presidente Oaks.

“Recebi minha resposta”
Durante o discurso, Presidente Oaks disse:
“A pergunta não é se a Igreja é verdadeira. A pergunta é: o evangelho de Jesus Cristo é verdadeiro?”
Aquela frase tocou o coração de Nicole de forma inesperada. Ela viu naquele momento não um homem qualquer, mas alguém que era instrumento da voz de Deus.
Nicole decidiu ficar para todas as reuniões. Em cada uma, foi surpreendida por membros autênticos, sinceros, com desafios reais — e com fé genuína.
Então, quando a professora da Sociedade de Socorro abriu espaço para testemunhos, Nicole se levantou. Contou quem era, o motivo de estar ali e disse, com coragem, que havia recebido sua resposta: queria ser batizada novamente.
Seis semanas depois, no dia 20 de agosto de 2017, Nicole entrou nas águas do batismo. Muito havia acontecido entre sua primeira e sua segunda ordenança. Mas, ao entrar naquela pia batismal, sentiu como se estivesse caminhando para dentro do amor puro de Cristo. Paul, seu aluno e agora missionário, foi quem realizou o batismo.
A partir dali, Nicole floresceu. Com o apoio amoroso de sua família, do bispo e dos amigos da ala, ela reconstruiu sua vida com Cristo no centro. Em 2019, foi selada no templo com seu esposo, Bryce McClure, que diz que ela o inspira diariamente a ser a melhor versão de si.

Uma mensagem para quem pensa em voltar
Hoje, Nicole vive com alegria e propósito. Sua conexão com o Salvador é mais profunda do que nunca. Ela diz que os convênios com Cristo mudaram até como ela sente amor — com mais profundidade, verdade e plenitude.
Assim, aos que se sentem afastados ou indignos, ela deixa um conselho simples e poderoso:
“O melhor que você pode fazer é amar quem está afastado como ele é e mantê-lo por perto. Meus pais respeitaram meu arbítrio e viveram com alegria ao meu lado. Seja o amor que você quer que eles sintam; seja a luz que você quer que eles vejam. Confie no Salvador e saiba que Ele vai trazer seus entes queridos de volta.”
A história de Nicole é um testemunho de que não há caminho tão longo, escuro ou tortuoso que o Salvador não possa iluminar. Não importa quanto tempo tenha passado ou quão longe alguém tenha se afastado — o convite de Cristo é sempre o mesmo: “Vem, e segue-Me”.
Fonte: LDS Living
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